2024-09-12
O colar isabelino ou cone de recuperação, é um acessório bastante comum em clínicas e hospitais veterinários. Mas sabia que a sua origem remonta a tempos bem mais distantes e está ligada a uma figura histórica de grande importância?
Acredita-se que o colar Isabelino tenha surgido na Inglaterra, durante o reinado de Elizabeth I. Quando criança, a futura rainha tinha o hábito de roer as unhas, tanto das mãos quanto dos pés. Para impedir esse hábito, os seus cuidadores criaram um dispositivo em formato de cone que impedia a menina de alcançar suas mãos com a boca.
Com o passar do tempo, essa ideia inovadora foi adaptada para os animais de estimação. Funcionários do palácio perceberam que o mesmo princípio poderia ser aplicado a cães e gatos para evitar que lambessem feridas e prejudicassem a cicatrização. Assim, o colar tornou-se uma ferramenta essencial na recuperação de animais após cirurgias ou procedimentos que requerem cuidados especiais.
Figura 1: O nome “colar isabelino” que hoje em dia usamos em tratamentos nos nossos animais de estimação deriva da moda usada pela Rainha Isabel I. Para além do uso como auxiliar nos tratamentos médico veterinários de cães e gatos, começa hoje novamente a ser usado na alta costura.
O colar isabelino é utilizado para impedir que o animal lamba, morda ou coce feridas, pontos cirúrgicos ou outras áreas do corpo que precisam de cuidados especiais. Essa proteção é essencial para:
• Evitar infeções: Ao impedir o contacto com a saliva, o colar reduz o risco de contaminação da ferida.
• Promover a cicatrização: Ao evitar que o animal remova os pontos ou as ligaduras, o colar permite que a pele se cure adequadamente.
• Aliviar a comichão: Em alguns casos, o colar pode ajudar a aliviar a comichão causada por alergias ou outras condições de pele.
• Evitar que o seu cão ou gato agrave uma simples lesão: Ao evitar que a animal de estimação tenha acesso com a boca a simples lesões evita ou autotraumatismo. Esta situação é particularmente frequente em cães e gatos que passam mais tempo desacompanhados e que os seus tutores não podem corrigir os seus comportamentos.
• Evitar lesões oculares: Ao impedir o contacto dos olhos com as superfícies, o colar reduz o risco do seu cão ou gato agravar uma lesão ocular que muitas vezes começa com uma simples comichão.
FIGURA 2 – Embora pareça uma fonte de stress para os animais de estimação, a aplicação do colar isabelino em tratamentos em cães e gatos apresenta diversa das vantagens como evitar infeções, promover a cicatrização, aliviar a comichão e evitar que o seu cão ou gato agrave uma simples lesão como as lesões oculares.
Existem diversos tipos de colares isabelinos disponíveis no mercado, cada um com suas próprias vantagens e desvantagens. Os mais comuns são:
• Colar de plástico: É o modelo mais tradicional e acessível.
• Colar inflável: Mais leve e confortável, mas pode ser mais frágil.
• Colar de tecido: Ideal para animais que se sentem mais confortáveis com tecidos macios. A proteção com peças de tecido é uma alternativa ao uso do colar Isabelino.
Como escolher o colar ideal para o meu animal de estimação?
A escolha do colar isabelino ideal dependerá do tamanho, temperamento e tipo de ferimento do seu cão ou gato. Consulte o seu veterinário para obter orientação sobre o modelo mais adequado.
Ajustar corretamente o colar é crucial para o bem-estar do seu cão ou gato. O colar não deve estar tão apertado que cause desconforto, mas também não tão frouxo que permita ao animal alcançar a área lesionada ou que este o consiga retirar.
1. Escolha o tamanho certo: O colar deve ser grande o suficiente para cobrir a área que precisa ser protegida, mas não tão grande que atrapalhe os movimentos do animal. Se possível, experimente diferentes tamanhos para encontrar o ajuste perfeito.
2. Coloque o colar: Gentilmente coloque o colar sobre a cabeça do seu animal de estimação, certificando-se de que a parte mais estreita esteja na base do pescoço.
3. Ajuste a fivela: Aperte a fivela até que o colar fique firme, mas não apertado demais. Deve ser possível passar um dedo entre o colar e o pescoço do animal.
4. Verifique a cobertura: Certifique-se de que o focinho do animal esteja completamente coberto pelo colar, impedindo que ele alcance a área lesionada.
5. Observe o seu cão ou gato: Monitorize o seu patudo regularmente para garantir que o colar não esteja a causar nenhum desconforto. Se ele parecer muito incomodado, tente ajustar novamente ou entre em contacto com seu veterinário.
Não existe um único modo para prender o colar, pois isso as técnicas variam de acordo com o modelo. No entanto, a maioria dos colares segue estes passos básicos:
1. Abra o colar: A maioria dos colares possui fechos laterais que se abrem para permitir que você coloque o colar no pescoço do seu cão ou gato.
2. Coloque o colar: Gentilmente coloque o colar sobre a cabeça do seu animal de estimação, certificando-se de que a parte mais larga esteja na base do pescoço.
3. Ajuste o tamanho: Ajuste o colar usando as fivelas ou botões laterais até que fique firme, mas não apertado demais. Deve ser possível passar um dedo entre o colar e o pescoço do animal.
4. Verifique a cobertura: Certifique-se de que o focinho do seu cão ou gato esteja completamente coberto pelo colar, impedindo que ele alcance a área lesionada.
5. Coloque a coleira ou ligadura na base do colar: Fixe o colar na base do pescoço usando a sua coleira ou em alternativa ligadura, estas devem ser passadas na base do colar e ajustada ao pescoço
Figura 3 – Escolha o colar com tamanho adequado para o seu animal de estimação e ajuste a fixação do colar isabelino no cão ou gato. Após montagem do colar isabelino com o diâmetro apropriado ao seu animal de estimação, deverá passar a coleira ou uma ligadura na base do colar. Esta ligadura ou coleira são usadas para fixar o colar ao pescoço. Quando apertar, deverá deixar o espaço de um dedo entre o colar e o pescoço do seu cão ou gato. Atenção: colares muito soltos podem ser facilmente removidos pelo seu animal de estimação, pelo que não se assuste, poderá ter que o fixar novamente.
• Introduza o colar gradualmente: Permita que o animal se familiarize com o colar antes de colocá-lo por longos períodos.
• Dê bastante atenção e carinho: Demonstre que você está presente para ajudar o seu patudo nesse período.
• Crie um ambiente seguro: Remova objetos que possam ser derrubados ou danificados pelo colar.
• Ajuste o colar adequadamente: O colar deve ser ajustado de forma que permita que o animal se movimente confortavelmente, mas sem a possibilidade de alcançá-la ferida.
• Ofereça distração: Brinquedos, petiscos e atividades podem ajudar a distrair o seu patudo e diminuir o stresse causado pelo colar.
A duração do uso do colar isabelino varia de acordo com cada caso. O tempo ideal para o seu animal de estimação usar o colar será determinado pelo seu veterinário, tendo em consideração:
• Tipo de ferida ou cirurgia: Feridas mais profundas ou cirurgias mais complexas podem exigir um período de uso mais longo.
• Velocidade de cicatrização: Animais mais jovens e saudáveis geralmente cicatrizam mais rápido.
• Comportamento do animal: Animais mais ansiosos ou agitados podem precisar usar o colar por mais tempo.
Em geral, o colar isabelino deve ser usado até que a área lesionada esteja completamente cicatrizada e não haja mais risco de o animal se magoar ao lamber ou coçar. O tempo de cicatrização normal de uma ferida varia entre cerca de 7 a 10 dias. Algumas patologias mais graves necessitam de tratamentos mais prolongados, assim pode acontecer que durante todo o tratamento seu animal seja mantido com o colar isabelino.
A remoção do colar isabelino deve ser feita somente com a autorização do seu médico veterinário. Ele irá avaliar a cicatrização da ferida e determinar o momento ideal para retirar o colar.
Lembre-se: o colar isabelino é um incómodo necessário para garantir a saúde e o bem-estar do seu animal de estimação. Com paciência e cuidado, você pode ajudar o seu animal a passar por esse período de forma mais tranquila. O sucesso de diversos tratamentos aplicados pela equipe médico veterinária da sua clínica ou hospital veterinário depende muitas vezes também do seu sucesso em conseguir que o se cão ou gato ajustem a sua vida diária ao colar isabelino.
Em caso de necessidade contacte a nossa equipa médico veterinária, o hospital veterinário da ANIMALcare está aberto 24 horas 365 dias por ano para assistir todos os casos e ainda para o ajudar a manter sobre vigilância os seus animais de estimação com dicas de como proceder nos tratamentos no seu domicílio.
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