A alimentação dos Coelhos
A alimentação dos Coelhos
2022-03-21
Ninguém resiste ao narizinho e pêlo fofo de um coelho, o coelho doméstico Oryctolagus cuniculus, pertencente à família leporidae e ordem lagomorpha, existe em elevado número de raças e cada vez mais é um animal acarinhado nas nossas casas.
Infelizmente as patologias associadas a estes animais felpudos são derivadas de mau maneio ambiental e alimentar por desconhecimento dos tutores, nomeadamente: afeções dentárias recorrentes (sobrecrescimento dentário, abcessos, osteomielite...), problemas intestinais (estase intestinal, obstrução intestinal, diarreias...) e problemas de pele (pododermatites,...). Por esse motivo, vamos desmitificar e explicar em que consiste a alimentação destes pequeninos.
Dieta Natural dos Coelhos
Os coelhos são estritamente herbívoros. Na natureza, passam os dias a pastar nos prados.
A sua dieta inclui portanto erva, ervas aromáticas, folhas, assim como legumes e casca de árvores. Este é um alimento de baixo teor calórico, por isso deve ser consumido em grandes quantidades para satisfazer as necessidades do organismo.
Importância da Fibra na Dieta
A forragem que os coelhos consomem na natureza é rica em fibras. As fibras desempenham um papel extremamente importante no funcionamento do sistema digestivo do coelho – são a principal fonte de energia para as bactérias que vivem nos intestinos, as quais são responsáveis pela assimilação de substâncias provenientes de plantas de difícil digestão. As fibras também permitem uma rápida movimentação do conteúdo alimentar ao longo dos intestinos e facilitam a sua hidratação.
Tipos de Alimentos Adequados
A base da dieta ideal é o feno (diferentes tipos de ervas secas). Deve ser fornecido ad libitum.
É preferível colocá-lo num comedouro, para que não se torne parte da cama. Além do feno, é recomendado oferecer regularmente ao animal ramos de árvores, ervas secas ou folhas, em quantidades e frequência dependentes do tipo de planta. Se o coelho deixar parte da porção de feno que lhe foi dada, deve-se trocá-la diariamente, pois a probabilidade de que ele a consuma é baixa.
Em segundo lugar na dieta do coelho está a vegetação, ou seja, erva fresca, plantas inteiras (ervas, flores) e suas partes (folhas, rebentos), que não são legumes nem frutas. Exemplos:
• Flores (folhas e inflorescências): cravo-túnico, áster, amor-perfeito, centáurea, crisântemo, cravo, ervilha-de-cheiro, flor-de-tabaco, malva, lunar, calêndula, capuchinha, miosótis, borragem, rosas, galega, girassol, margarida, crisântemo-arbustivo;
• Rebentos;
• Folhas e rebentos de árvores e arbustos frutíferos: groselheira, aronia, pessegueiro, framboesa, pereira, macieira, mirtilo, amora, ameixeira, cerejeira;
• Folhas e rebentos de árvores de folha caduca: bambu, bétula-verrucosa, bordo, tília, amoreira, amieiro, choupo, salgueiro;
• Folhas de legumes: brócolos, beterraba, curgete, couve-flor, couve-rábano, folhas de beterraba, cenoura, pastinaca, salsa, rabanete, aipo;
• Erva e plantas campestres: tanchagem (estreita e larga), centáurea, chicória, violeta-campo e violeta-tricolor, morugem, zimbro, urtiga-branca, corônula, milefólio, alfafa, hortelã-do-campo, dente-de-leão, calêndula, cardo, potentila, tussilagem, urtiga-comum, agrião, camomila, cavalinha (rebentos castanhos e verdes), senécio, margarida-campo, flouve-dos-prados;
• Ervas aromáticas: manjericão, coentros, alfazema, levístico, hortelã, erva-cidreira, alecrim, sálvia;
• Cereais (não o grão): todas as partes verdes das plantas
Recomenda-se a alimentação com 3 tipos diferentes de vegetais crus por dia (de preferência diferentes a cada dia) numa quantidade correspondente aproximadamente a 0,5 a 1 chávena.
Devido ao teor de açúcares simples, é mais seguro fornecer frutas em pequenas quantidades, uma vez por dia, até 3 vezes por semana. Praticamente todas as frutas são permitidas, até mesmo as exóticas.
Exemplos: ananás, melancia, pêssego, banana, limão, cereja, mirtilo, toranja, pêra, maçã, amora, dióspiro, kiwi, lima, framboesa, tangerina, manga, melão, alperce, nectarina, papaia, laranja, groselha preta e vermelha, morango-bravo, ameixa, morango, uva, arando.
Alimentos a Evitar
Beterraba, abóbora e cenoura, como vegetais com alto teor de carboidratos, devem ser oferecidos no máximo 3 vezes por semana em pequenas quantidades.
Vegetais que estimulam a produção de grandes quantidades de gases no trato digestivo (como couve, brócolos, couve-flor e couve-de-bruxelas) devem ser fornecidos em pequenas quantidades.
Não se recomenda dar cebola, alho, pimenta e batatas, assim como alface.
Exemplos: beringela, folhas de beterraba, brócolos, couve-de-bruxelas, beterraba, chicória, curgete, abóbora, couve, couve-flor, couve-rábano, couve-chinesa, couve-pak-choi, alcachofras, funcho, milho, alfafa, cenoura, pepino, pimento, pastinaca, salsa, tomate, nabo, rabanete, rúcula, canónigos, aipo, espargos, espinafre.
Devido ao maior teor de açúcares simples na matéria seca, as frutas secas, bem como sementes, nozes e amêndoas (sem sal, sem cobertura e sem panado), devido ao teor de gorduras, devem ser oferecidas como guloseimas ocasionais. É importante lembrar que, se ingeridos acidentalmente sem serem triturados, podem causar obstrução do trato digestivo.
Exemplos: frutas secas, sementes de girassol, linhaça, sésamo, amêndoas, sementes de abóbora, todas as nozes.
A Ração Comercial
A ração comercial está disponível em duas formas:
• Misturas de múltiplos componentes: não são recomendadas devido à dificuldade em determinar a quantidade exata de cada nutriente, energético, vitamina e mineral por unidade de massa, às proporções incorretas (muitos carboidratos e gorduras, poucas fibras) e ao não atendimento das necessidades dos animais, além do consumo seletivo dos elementos mais saborosos da mistura por parte do animal.
• Granulados homogéneos, chamados pellets: a composição dessas rações é equilibrada. Foram criadas versões de pellets para animais em diferentes faixas etárias, levando em consideração as diferenças nas necessidades de um organismo em crescimento, adulto ou sénior.
As barras de cereais, drops, snacks e outros produtos semelhantes são contraindicados. Os blocos de cálcio perturbam o equilíbrio de cálcio e fósforo.
Fornecimento de Água Fresca
A água para o coelho deve estar sempre disponível (num bebedouro preso à parede da gaiola ou numa tigela). É importante que seja mudada frequentemente e que o bebedouro/tigela seja mantido limpo. O consumo de água pode variar dependendo da temperatura, da humidade, da quantidade de alimentos húmidos na dieta, durante a doença ou em situações de stress. É sempre importante prestar atenção à quantidade de água que o animal bebe.
Introdução Gradual de Novos Alimentos
Não se deve mudar a dieta à força, recorrendo ao jejum. O jejum é mais perigoso para o coelho do que até os piores erros alimentares. Sempre que se introduzem ou retiram determinados alimentos, deve-se monitorizar o peso do animal a cada 2-3 dias e observar visualmente se o animal está a comer e como está a fazê-lo – se realmente ingere o alimento ou apenas o mastiga e cospe. Se durante a mudança de dieta houver uma perda de peso, deve-se consultar imediatamente o veterinário. Perda de peso é entendida como uma perda súbita de mais de 5% do peso corporal, ou um processo lento, mas regularmente registado em pesagens sucessivas, que, num período de cerca de 10 dias, cause uma redução de 10% do peso inicial
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